25 de abr. de 2014

Escrito nas Estrelas: Vou seguir sem você


Não sei como começar essa carta. Para ser sincera, nunca sei. Mas agora é mais difícil. Me recuso a ser formal e colocar seu nome inteiro no começo. Mas também não posso usar o "meu melhor amigo", porque ele já não cabe mais. O que é uma pena. 
Sei que pode estranhar a carta, não pelo fato da carta em si, porque sabe que adoro escrever, mas é que faz tanto tempo, não é? Tanto tempo desde a última vez. Difícil esquecer. Não quero brigar –em algum momento eu quis? –é só um desabafo mesmo. Nosso ultimo adeus.
Adeus.
Dizem que nosso pesar tem cinco estágios: a raiva, o medo, a culpa, a depressão, e finalmente, a aceitação. Você precisa passar  por todo o processo para aceitar. Eu passei. Doeu, mas eu passei.
Na raiva eu te odiei. Odiei que você me jogasse na cara tudo aquilo que jogou, por ter me dito verdades tão doidas e inaceitáveis. Odiei não ter tido algum reconhecimento por tudo o que fiz –ou pelo menos tentei –por você.  Sempre ali, ao seu lado, tentando te ajudar. No angustiante e doentio medo, tive medo de você me odiar –embora deva ter me odiado –Tive medo de esquecer tudo o que passamos juntos, todas as brincadeiras e conversas. Todos os passeios de mãos dadas.
Na culpa sentei-me aos bancos dos réus, e, sem esperar que começassem o bombardeio de acusações, me culpei. Culpada por ter sido grossa. Culpada por te ajudar. Culpada por ter me intrometido de mais. Culpada. E esperei a sentença com calma, porque a depressão ainda não havia chegado.
Mas chegou.
Chegou  esbaforida, pedindo desculpa, entrando sem bater. Toda suada e sem elegância, tomando o espaço que lhe pertencia (e todos os outros em volta), sem pedir licença, e trouxe com ela seu amigo inseparável, sua essência, sua alma: o choro.
Felizmente esse estagio passa rápido, ela não é dada a despedidas, diferentes do modo como chega, vai-se embora discretamente, no meio da noite, como uma fugitiva, e quando você acorda não tem mais vontade de chorar, embora quisesse, e até consegue sorrir, embora ache errado.
E, então, depois de todo esse sofrimento, você começa a aceitar. Aceita que não é perfeita e falha. Aceita que a outra pessoa também não é perfeita e também falha. Mas, principalmente, aceita que suas relações são como pequenos livros e que o fim é inevitável. Nada nessa vida é eterno, nem a felicidade, nem a tristeza, nem o amor, nem a amizade. Um dia as coisas acabam. Pessoas se vão. Lembranças ficam.  Outro ciclo recomeça. Não há como lutar contra isso.
Eu protelei o final o máximo que dei, em parte porque não queria terminar uma historia tão linda, em parte porque achava que tinha conserto. Queria que nossa amizade fosse at infinittun, que depois desse pequeno parêntese ela retomasse ao que era antes. Doce ilusão. Te enviei uma mensagem, que, entre outras coisas, perguntava se você sentia saudade e me perdoaria. Esperei sua resposta como um estudante espera pelo resultado do vestibular. Depois de alguns dias, você respondeu. Disse que estava sem tempo, mas que se eu esperasse poderíamos conversar. Eu esperei. Por que não?
E esperei. E esperei. E esperei.
Mas foi em uma das suas brincadeiras com outra pessoa que você respondeu. E acho que você pode não ter percebido, mas eu percebi. Numa clareza tão profunda que me cegou. E ao mesmo tempo me fez ver tudo de novo. Não importava o que respondesse,  o que conversássemos, não importava que sentíssemos saudade, não importava porque você mudou e eu também, nossa história já havia acabado. Só faltava oficializar com a palavra FIM.
Hoje não acuso, não me culpo, não choro. Ainda lembro, é verdade, e fico nostálgica perguntando se ainda seriamos amigos se tivéssemos agido de outra forma.  Será? Talvez. Não dói mais. Incomoda, é claro. Às vezes coça. Mas está cicatrizado. E não sangra mais. Caio Fernando Abreu, um mestre da nossa literatura, escreveu que “Sofrer dói, dói e não é pouco. Mas faz um bem danado quando passa”. E passou.
Hoje apenas agradeço. Agradeço por ter te conhecido, pelas risadas, pela amizade, pelo que me ensinou. Agradeço pelas lágrimas também. Por que não? Mas as partir daqui, sem mágoa e sem rancor, coloco você na minha caixinha de lembranças, no fundo do meu coração e sigo sozinha.
Vou me lembrar de você. Vou sentir saudade. Vou desejar que daqui uns anos, depois de amadurecermos, encontramos de novo e recomeçamos a amizade. Não de onde paramos. Mas do começo. Vou derramar ainda algumas lágrimas, certeza.
Mas nesse momento, acabou. Vou colocar esse livro na estante de livros lidos. E seguir sem você.

O texto original é da Fernanda Campos do blog Uma Dose de Café, ela é psicologa formada e ama escrever. Adaptei esse texto (colocando um pouquinho dos meus pensamentos). De qualquer forma espero que vocês também se identifiquem e gostem! 
Xoxo

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8 comentários:

  1. Me identifiquei bastante. Lembrei dos meus amigos virtuais e tempos de escola, onde toda amizade parece que vai durar pra sempre. Infelizmente não é o que acontece, mas acredito que nós sempre aprendemos alguma coisa com cada experiência e pessoa que entra em nossa vida.
    beijos.

    www.antesdos40.com.br

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    1. Eu concordo com você! as vezes é difícil entender que tudo passa nessa vida! mas fazer o que né?
      Beijos
      Obrigada pela visita

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  2. Realmente, acho que é impossível alguém não se identificar, afinal todos já passaram por situação parecida! E acho que as fases estão bem detalhadas e verdadeiras! Adorei!
    Beijão!

    minhassingularidades.blogspot.com.br

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    1. Verdade! é um texto para todos,
      que bom que gostou ♥
      Beijos

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  3. Lindo o texto e pura verdade. Às vezes as coisas mudam, as pessoas mudam, a gente muda, tudo muda! Mas não que isso seja ruim. Depende do nosso ponto de vista! Mas dói quando uma amizade chega ao fim. Mas também passa. E tudo de ruim abre espaço para as lembranças boas. Enfim, novas amizades sempre estão por vir! E tem aquelas antigas que são eternas! Enfim... :))

    Beijos,
    Carol
    www.pequenajornalista.com.br

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    1. Verdade! mudanças também são necessárias independente de qualquer coisa, as vezes é difícil outras vezes é mais fácil. Depende de como você vai olhar a vida
      Tem vezes que é importante criar novos vínculos, renovar a vida
      Obrigada pela visita
      beijos

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  4. sem palavras para descrever o que senti ao ler esse texto.
    Todo mundo sempre vai passar por uma situação dessas e será preciso passar pelo estágio quantas vezes forem necessárias; uns mais longos, outros mais curtos, mas tudo passa e a vida segue.
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    1. é verdade Jessica,
      todos nós passamos por isso inúmeras vezes. As vezes é mais difícil, outras vezes não.
      Que bom que gostou <3
      beijos

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