9 de jul. de 2016

1 mês da tragédia da Mogi-Bertioga e o que eu aprendi com isso...


Ontem completou um mês do acidente na Mogi-Bertioga, no meu facebook vi a postagem de uma das sobreviventes homenageando os quatro amigos e o namorado que ela perdeu naquela noite. A dor dela é tão palpável que fica impossível não sentir junto. É com toda tristeza no meu coração que escrevo esse texto.

Foto do G1

Não é segredo para ninguém (ou talvez seja) que eu estudo na Universidade de Mogi das Cruzes, eu não moro na cidade e faço parte dos 40% dos alunos que vão e voltam de ônibus todos os dias. Do meu  grupo de amigos e colegas próximos mais da metade também residem em outra cidade. Não é uma rotina fácil, muitas alunos pegam o ônibus depois de trabalhar o dia inteiro. Tudo por um sonho.

Mas tudo isso vocês já sabem, eu confesso que de uma maneira esquisita esse acidente mexeu profundamente comigo. No dia do acidente estava muito frio em Mogi, com uma neblina muito forte, eu lembro de sair da supervisão e antes de ir embora estava conversando com a minha professora (ela também mora em outra cidade), durante a conversa surgiu o assunto das coisas ruins que já vimos pela estrada, comentamos dos perigos e de como era bom poder voltar um pouco antes do movimento intenso de ônibus pois assim íamos com mais tranquilidade.

Indo embora atravessei a passarela mal conseguindo ver um palmo na minha frente, morrendo de frio e entrei no ônibus, quando cheguei em casa segui com a minha rotina, deitei na cama e olhei o Whatsapp. O grupo da minha sala estava fervendo, muitos perguntando pelos meus colegas que iam para o litoral. Uma das meninas da minha sala estava muito nervosa, pois estava no ônibus atras do que capotou, até pelas mensagens que ela mandava dava para perceber o desespero. Eu insensível que sou, achei um pouco exagerado e fui dormir.

No outro dia acordei com todos os jornais falando do acidente, foi ai que a ficha caiu, pessoas morreram. Muitos feridos, alunos, alunos da minha universidade, colegas de curso, colegas de jornada. A primeira sensação foi de "poderia ter sido eu" e logo depois a sensação de "foi um dos meus". Acho que nessa hora o conceito de grupo se intensifica. 

Eu não era amiga de nenhum deles, eu conhecia de vista quatro pessoas do acidente. O corpo da Carol foi o primeiro a ser identificado, eu lembrei na hora do dia que encontrei a Ana Carolina e a Aline (as duas eram/são da psicologia), elas estavam treinando uma aplicação e eu estava correndo com meu estagio. Estava na sala com meu amigo que é monitor da matéria que elas estavam fazendo, elas entraram, o Bruno perguntou se elas queriam ajuda, elas aceitaram. Eu então sai e falei para eles "Bruno estou indo para o estagio já já a gente se vê", sorri para elas e fui embora.

Foto do facebook da Carol

Foi esse o contato que eu tive. Apenas uns 5 minutos. Mas quando eu vi a foto da Carol estampada nos jornais, quando eu vi pelo facebook amigos chorando sua perda, quando vi minha universidade entrando de luto. A Carol, a docê Carol, tornou-se alguém muito mais próxima, alguém que mudou minha maneira de ver a vida.

Confesso fiquei mal, chorei muito, orei muito mesmo por cada família, a cada noticia, foto ou declaração que vejo dos sobreviventes para os que se foram meu coração se aperta. Eu vi colegas de sala chorarem na clínica de psicologia, eu vi professores acolhendo a cada um. Ninguém tem noção de como a universidade ficou depois desse acidente. Professores choraram, alunos choraram.

Foto do G1

Eu não sei exatamente qual é o objetivo desse texto, acho que é só um resumão de tudo que eu senti nesses dias.
É também  uma forma de homenagear e lembrar os sacrifícios e trajetórias de cada um. Eu gostaria de poder dizer para cada um que se foi que a vida deles não foram em vão, que eles brilharam nesse mundo e tocaram muitas pessoas, algumas que eles nem imaginam. Eles mudaram minha maneira de olhar o mundo. Eles continuaram vivendo em cada um que foi tocado por suas histórias.

Foto do G1

Aos amigos, familiares e envolvidos no acidentes, vocês continuarão em minhas orações, nós podemos dividir essa dor, estarei com vocês mesmo que apenas em pensamentos,  vocês vão se reerguer e vão seguir em frente. Por amor a eles. Vocês são milagres e serão para sempre. 




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3 comentários:

  1. Poxa, que triste...
    Você não conhecia nenhum deles, mas estava bem próxima, imagino sua dor, porque daqui ainda sinto uma tristeza imensa quando penso no que aconteceu...
    Força aos familiares e amigos!

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    Respostas
    1. Sim Milca, não foi facil e ainda não!
      Foi muito triste, mas continuamos mandando energias boas para os sobreviventes
      beijos ♥

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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