15 de fev. de 2014

Escrito nas estrelas: "A gente sabe quando vai acabar"

Ia acabar. A gente sempre soube, não soube? A gente fez tudo errado, como uma história rebobinando do fim para o começo. Crentes que podíamos ter um final feliz para um meio desastroso como o nosso. Crentes que íamos ser sucesso de bilheteria. Que os fãs comprariam nossa história. Que, uma hora ou outra, viraríamos um casal de cinema e seríamos protagonistas do grande amor de nossas vidas.

Mas, na verdade, se nós dois fôssemos um filme, você teria saído do cinema antes do letreiro final. Eu teria cochilado antes do fim. E nós não serviríamos nem como roteiro barato da Sessão da Tarde. A Globo jamais compraria nossos direitos de transmissão.

Porque ia acabar. Tava escrito desde o começo. Toda vez em que eu te abraçava, me perguntava: e aí, já é agora? Esse é o último? Daqui para frente é cada um por si? Todas as vezes em que você viajava, eu imaginava que você voltaria e me contaria que tinha encontrado a mulher da sua vida. Aquela que tinha balançado tudo e te feito perceber que tudo o que você viveu até aqui foi, na verdade, um grande nada. Achei que você esbarraria com aquela nos corredores do Louvre e ela te contaria que a mulher que te esperava em casa não merecia seu tempo, sua vida e seu amor.

Já eu, eu nunca cogitei ser essa mulher. A que te tiraria o chão e te roubaria para si. Eu nunca achei que era “aquela”. Porque, você há de concordar comigo, as pessoas das nossas vidas encaixam, não é? E nossas arestas, querido, nunca deixaram que nós completássemos quebra-cabeças nenhum.

Não foi novidade. E, por isso, talvez eu nem lamente tanto. Todo mundo sempre esperou esta notícia, até nós dois. Às vezes, até acho que nós demoramos demais. Insistimos além da conta. Nos fingimos de cegos porque não queríamos ver. Mas estava ali.

O fim estava nas noites em silêncio, como um buraco na cama entre nós dois, enquanto a gente não ameaçava falar para não perder mais alguma partezinha boba. O fim estava nos gritos não dados, porque já havia cansaço demais até para brigar. O fim estava no canto do quarto quando a gente saía para trabalhar e esquecia o amor molhado em cima da cama. Até que o amor mofou.

Ia acabar. A gente sempre soube. A gente insiste, insiste, insiste. E um dia o mostrinho da realidade aparece e surpreende: o amor acabou.


Finalmente acabou.

Esse é mais um texto da linda da Karine Rosa. Entrem no blog dela e curtam a fanpage :)

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7 comentários:

  1. Que linda você! Adorei o texto e adorei o blog!
    Beijinhos, Isa.

    Heart of Sunday
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  2. O pior (pra mim) não é nem quando acaba, e sim quando a gente 'insiste' sabe? Se desgasta em algo que já acabou e acabamos sofrendo desnecessariamente.

    Enfim, adorei o blog da Karine (:

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    1. Sei bem como é Jackie! Pra mim essa também é a pior parte
      Bjs

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  3. Acho que o pior é quando a gente insiste sabendo. Sabendo que vai acabar. Quando a gente insiste em um absoluto nada. Quando a gente bota todas as nossas esperanças em algo que não existe.

    Ai é pior.
    http://www.diarioruivo.com/

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    1. Concordo com você Stella!
      essa é a pior parte, dói porque você que seja algo bom mas não é
      Beijos

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  4. É complicado como mesmo sabendo que vai acabar, a gente insiste. O amor é assim né, mas é triste.

    Beijos
    http://escolhasliterarias.blogspot.com.br/

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